segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

01/01/11 - o primeiro de muitos dias...

01/01 - Feliz Ano Novo (!)


Depois da festa obviamente temos um descanço. E o primeiro dia do ano não teve despertar, apenas um brunch que começou as 9hs da manhã. Pulei da cama por volta das 8hs e fui até o Panorama Lounge falar com minha mãe através do skype. Logo as 9hs descobri que havia movimento no aeroporto de Punta Arenas e veio então a grande notícia: haveria vôo logo pela manhã, com chegada prevista para as 12:50 hs. Então começou a correria: bagagens, lista de checkout, transporte de passageiros. Peguei um dos botes e comecei a fazer o transporte de um grupo. Tinhamos ainda mais 3 zodiacs na água e em meia hora estávamos todos em Escudero. Eu subi com a maioria para a pequena igreja da Villa de las Estrellas para esperarmos o avião que chegou pontualmente as 12:50 hs. A troca de passageiros foi rápida e em menos de uma hora tinhamos todos os 57 passageiros novos a bordo e os antigos já na aeronave se preparando para voltar.


Mas nem tudo eram flores ! A bagagem de 5 passageiros simplesmente não vieram. Aparentemente foi um problema em Punta Arenas e ficaram sem roupas, material de higiene pessoal, carregador de baterias (para a câmera), etc. Que droga ! Na Antártica não tem nenhuma loja aberta para comprar essas coisas, então fizemos uma "vaquinha" de roupas extras entre os guias para ajudar os 5 passageiros. Paciência.


Apresentações feitas, fizemos o treino de abandono do barco, e seguimos rapidamente para um ponto novo no mapa para mim: Robert Point em Robert island. Fantástico ! Na praia havia vários pedaços de madeira e alguns ganchos de ferro, material usado pelos antigos foqueiros e baleeiros a quase um século atrás por toda a península antártica. Vários elefantes marinhos descansavam na praia em meio a barulhentos pinguins Chinstraps. Ficamos por cerca de uma hora e meia na ilha, o sufuciente para este grupo degustar um pouco da Antártica. Afinal, eles tinham perdido boa parte dos dias da expedição, presos em Punta Arenas por causa do vôo que não veio.



Levantamos âncora, arrumamos a janta e fomos logo depois para a ilha Half Moon. Mais pinguins, neve e nada mais. Ficamos até 22h15 e voltamos para o coquetel de boas vindas com o Capitão.


02/01 - Mikkelsen, os canyons de Spert e as águas geladas de Cierva


Acordei ainda meio tonto de sono, pois não dormi muito bem. Acho que o cansaço do dia anterior tinha me derrubado e a noite não foi suficiente para o descanso necessário. Mas o trabalho chama e o despertar de Mariano veio as 6:30 da manhã. Tomamos café ao largo da ilha Trinity e nos preparamos para um desembarque em Mikkelsen Island logo pela manhã, o que aconteceu as 8:45 hs. A maré estava bem baixa e desta vez descemos na pedras em frente a cabana abandonada dos argentinos. A maior parte da neve na frente da ilha já tinha desaparecido, mas os pinguins por ali continuavam sem filhotes. Realmente este verão está bem estranho. Os pinguins deste lado da península ainda estão com os ovos e está ficando muito tarde para os pequenos filhotes sobreviverem caso o outono chege mais cedo com a neve. Tenho conversado muito com Miguel sobre isso, nosso especialista em pinguins, e ele acha a mesma coisa. O aquecimento das águas na península pode ter causado essa precipitação excessiva no início de dezembro, o que atrasou por completo a temporada de procriação dos pinguins por aqui.



Saimos de Mikkelsen na hora programada e seguimos rápido para uma ilha secreta, tão secreta que somente Mariano tinha um mapa, e depois de memorizar o mapa, tinhamos que comê-lo ! (brincadeirinha, mas foi quase isso. Agora o segredo de Spert morre comigo haha). O lugar é fantástico. Descemos 6 botes com 10 passageiros cada, e no meu bote a maioria estava com vontade de adrenalida (ótimo!). Spert é uma ilha ao sul de Trinity Island com penhascos altíssimos com o mar revolto dentro, dezenas de petréis do cabo nos rodeando, icebergs gigantes presos entre o labirinto de canais. Que lugar ! mas o swell era tão forte que eu tinha que manter o zodiac em marcha rápida e ainda assim a corrente de água nos jogava de um lado para outro. Irado ! Por várias vezes eu via a torrente de água vindo pela garganta, em uma onda de mais de 3 metros de altura, e dava gás no motor até subir o máximo e atravessar a parede de água. O lado da ilha para mar aberto estava mais revolto ainda e esse era o nosso limite. Decidimos voltar então e explorar o lado mais calmo, com glaciers descendo até a água e pedras submersas forradas de algas marinhas. Mas o tempo acabou e tivemos que voltar ao barco por volta das 13hs.



Seguimos nossa viagem então para Cierva cove, que estava forrada de icebergs e pedaços de gelo. Fizemos mais um passeio de bote, e no meu calhou de ficar um grupo simpático de franceses. Demos uma breve volta pela baia, e desembarcamos próximo a base argentina de Primavera. Lugar muito bonito. Depois de alguns minutos por ali, peguei o bote de novo com mais um grupo e continuamos o passeio para dentro da baia, desta vez tapada de gelo. Entre os muitos blocos flutuantes, encontramos um berço confortável de gelo com uma foca leopardo dormindo, para delírio dos passageiros.



Só voltamos ao barco as 18hs, preparados para mais uma emoção: Polar Plunge. Alguns bravos e corajosos passageiros iriam nadar nas águas geladas de Cierva, pulando do navio. Divertidíssimo ! Saquei várias fotos de ação.



E assim o dia terminou, navegando novamente pelo estreito de Bransfield, em direção a Frei. Embora esta tenha sido uma viagem super curta, as emoções foram bem fortes e boas. Muitos passageiros ficaram no bar fazendo festa, mas estou com sono e decidi ir dormir, dando um descanço para o dedo que anda me incomoda um pouco.



03/01 - mais uma troca (atualização)


São recém 8h da manhã e estamos entrando na baia Fields depois de uma travessia tranquila do Bransfield. O tempo está meio cerrado, com nuvens baixas, mas ainda assim estamos em alerta para o vôo e transferência de passageiros. Então só nos resta esperar. Estarei atualizando a página sempre que possivel..(!)


Um comentário:

  1. Olá André tudo bem?
    Muito bom o relato e as aventuras no continente de gelo.
    Eu vou estar indo passar uns meses na Argentina com minha esposa. Queria ver se pode me ajudar, para baixar meus custos, viajar de avião para a Antartica, saindo de Punta Arenas e lá curtir uma excurção de alguns dias. Mas pelo que vi, é muito caro. Vc sabe se tando lá tem algum esquema mais em conta? Meu e mail é: mrmariocorretor@hotmail.com
    Obrigado desde já
    Att;
    Mário Barros

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